Quando Robson deixou de ser Robinho.



O Robinho é o cara que brinca com todo mundo, faz um funk anunciando que seu time vai ser campeão antes da disputa. Ele dança com seus companheiros de time quando faz um gol. É um jogador decisivo. Robson, por outro lado, não joga: é estiramento, falta de preparo físico, fuso horário. Ele pede vinte ou trinta dias para entrar em forma.

Robinho jura amor pelo Santos. Ressalta sua identificação com a torcida e o time alvinegro praiano. Robson diz que é profissional, que foi muito feliz no Santos, mas que seu foco agora é o Galo. Posta fotos enaltecendo a torcida do Atlético Mineiro, dizendo que é a mais fanática.



Quando Robson deixou de ser Robinho


Robson força a saída.

Robinho se despede e vai jogar bola no Real Madrid. Lá, Robson toma controle. O futebol do atleta não é nem metade do que era esperado. Robson força a saída do Real para o Manchester City. Robson força o retorno do City para o Santos (afinal, é ano de Copa e ele tem que estar jogando para ser convocado).
Quando volta, faz papel de Robinho. Convence a mim e a todos os santistas. Mas quando sai, fica uma pulga atrás da orelha: ‘Ele que sempre forçou tanto, não podia ter forçado a permanência?’.

Robson força a saída do City para o Milan. Robson força a saída do Milan para o Santos. A gente esquece que ele não nos quis algumas outras vezes. Afinal, ele é Robinho.



Não é. É Robson. Quando surge uma proposta, vai ser banco na China.

Quando o contrato acaba, imagina-se que Robinho voltaria para o Santos, clube que ama. O problema é que há muito tempo só existe Robson, o profissional. Infelizmente para nós, santistas, Robson prevaleceu. Já se mostrava Robson nas últimas duas passagens. E nós, ignorando. Agora não dá mais.

Perdoe-nos, Robinho. O erro é nosso. Esquecemos que você era profissional antes de torcedor. É que a gente não tem as recompensas que vocês tem: casa no condomínio Acapulco, carros, iates, aviões, joias, modelos, fãs, sucesso, destaque, festas, luxo, tudo! Nós só temos o Santos. O que, na verdade, é muito mais do que aquilo que você tem. Nós esquecemos que você foi Robinho por pouco tempo. Sempre foi muito mais Robson. O erro é nosso.

Com tristeza e pesar, um abraço, Robson.
Pena que você não conseguiu ser Robinho.

Sérgio Gorni de Almeida.